top of page

Dermatopatias em cães e gatos

Atualizado: 16 de dez. de 2021


Nathália Leijoto Pinto Lourenço – Graduanda de Medicina Veterinária UFMG



Os casos dermatológicos apresentam grande prevalência na clínica de pequenos animais, aumentando a necessidade de capacitação do médico veterinário. As dermatopatias são classificadas como primárias (diretamente do processo patológico) ou secundárias e ter origem parasitária, imunomediadas e infecciosas. O diagnóstico correto requer abordagem em três passos consecutivos: determinar o padrão dermatológico predominante no paciente, elaborar uma lista de diagnósticos diferenciais e realizar exames complementares.


Em relação às parasitárias, observa-se demodicose e escabiose. A demodicose é causada pelo Demodex canis, está relacionada com alta proliferação do ácaro na pele sendo considerada dermatopatia hereditária que se manifesta em momentos de imunossupressão. Pode ser classificada como localizada ou generalizada, tendo como manifestação clínica, pele eritematosa, edemaciada, com alopecia e presença ocasional de pústulas. Em estados crônicos e recorrentes pode-se observar hiperpigmentação cutânea. Em raças como Shih-Tzu, Lhasa Apso, Pug e Yorkshire, observa-se graus variados de prurido, mas normalmente, o prurido não é característica marcante dessa afecção. Já a escabiose em cãesé causada peloSarcoptesescabiei, que desenvolve prurido intenso, formação de crostas,inclusive hemorrágicas, alopecia e consequente aparecimento de feridas, além da possibilidade de infecção secundária. A manifestação em gatos é semelhante, mas o agente causador é Notoedriscati. Existem vários meios diagnósticos como o tricograma, o exame de fita adesiva, mas ademodicose pode necessitar de raspado de pele profundo, enquanto para a escabiose um raspado de pele superficial geralmente é suficiente.


As dermatofitoses são infecções fúngicas de tecidos corneificados (epiderme, pêlos e unhas), causadas pelos Microsporum canis e Trichophytonmentagrophytes. As lesões apresentam padrões circulares, com bordas eritematosas e centro descamativo, manifestação presente em humanos e em felinos. Nos cães, as lesões são caracterizadas por pelagem de má qualidade, áreas alopécicas e crostosas, descamação, eritema, hiperpigmentação e prurido. Para diagnóstico, o ideal é que seja realizado exame direto e cultura fúngica dos pelos e pele.


Outras afecções importantes são as dermatites alérgicas, desenvolvidas por várias causas. Podem-se apresentar pela presença de infestação de ectoparasitos, especialmente pulgas, que poderão gerar um quadro de dermatite alérgica à picada de inseto (DAPI). Os animais desenvolvem reações alérgicas induzidas pelas substâncias presentes na saliva dos insetos e podem apresentar rarefação pilosa, eritemas, foliculite secundária, escoriações e prurido intenso, principalmente na região lombo-sacral.


Outra afecção é a hipersensibilidade alimentar. Sua fisiopatologia envolve reações orgânicas adversas aos alimentos em que as habituais fontes proteicas encontradas na alimentação são constituídas por agentes alergênicos. O diagnóstico requer restrição dietética, isto é, fornecer alimentos naturais ou rações hipoalergênicas que têm como fonte proteica alimentos com os quais o animal tenha tido pouco, ou nenhum contato, como carne de coelho, peixe, cordeiro ou rã por cerca de oito semanas no mínimo, e observar a continuidade do prurido.


Finalmente, relata-se a dermatite atópica, que é uma afecção com predisposição genética para o desenvolvimento de alergia a alérgenos ambientais, onde ocorre uma hiper reatividade cutânea, onde o cão manifesta sintomas de prurido constante de formas variáveis. A atopia é uma doença sem cura conhecida, em que a terapia é realizada para controle dos sinais clínicos


Todas as lesões que são resultantes dos problemas citados acima, podem evoluir para quadros mais graves e resultarem em infecções bacterianas secundárias.

O conhecimento mais intenso em relação às dermatopatias na rotina do clínico é importante para condução de um diagnóstico correto e conduta terapêutica certa. A conduta terapêutica é individual para cada animal, havendo que ser decidida à partir da análise específica do problema.



REFERÊNCIAS

1) Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 71 - dezembro de 2013 – Dermatologia em cães e gatos.

2) 2. MILLER, William H.; GRIFFIN, Craig E.; CAMPBELL, Karen L..Small Animal Dermatology. St. Louis: Elsevier, 2013.


193 visualizações0 comentário
Post: Blog2_Post
bottom of page