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Qual o melhor método para diagnosticar Giardíase?

Atualizado: 2 de jul. de 2021


Jéssica Oliveira Pereira da Cruz

A Giardíase é umas das principais doenças que acometem o trato gastrointestinal dos animais domésticos. Tem transmissão pela rota fecal-oral através da ingestão de cistos eliminados pelas fezes de outros animais portadores. Normalmente, os animais são assintomáticos, quando não na maioria dos casos está relacionada a animais jovens ou imunossuprimidos. Ocorre diarreia disenteriforme, comprometimento da digestão e absorção de alimentos com consequente perda de peso e crescimento prejudicado. Também ocorre desidratação que pode acarretar morte se o animal não for tratado adequadamente. Geralmente, animais com giardíase podem apresentar também coinfecções com outros agentes infecciosos, o que agrava os sinais clínicos apresentados.

Devido á sintomatologia da giardíase ser inespecífica, deve-se fazer o diagnóstico diferencial para outras enfermidades infecciosas gastrintestinais, alergias alimentares, síndromes da má-absorção e gastroenterites induzidas por fármacos.

O diagnóstico laboratorial definitivo ocorre pela detecção de cistos e/ou trofozoítos nas fezes dos pacientes, pelo método de Faust, porém novos estudos vêm contestando isto. Em amostras fecais mais firmes, os cistos são a forma mais presente no exame, enquanto em fezes líquidas e pastosas, geralmente os trofozoítos são encontrados. Por serem mais sensíveis às condições ambientais, as fezes líquidas devem ser examinadas em até 30 minutos pós colheita. Devido à eliminação intermitente de cistos, recomendam-se coletas seriadas em três dias consecutivos ou três dias intercalados.

Além disso, pacientes que estejam recebendo antibióticos, antiácidos ou preparados para enema poderão ter exames falso-negativos, pois estas substâncias podem causar alterações morfológicas ou o desaparecimento dos cistos e trofozoítos nas fezes. Existem no mercado também, testes imunocromatográfico rápidos para detectar antígenos da Giárdia nas fezes de animais parasitados. Outro método é o teste de ELISA. Este teste busca identificar antígenos específicos que são produzidos pela multiplicação intestinal do patógeno nas fezes do animal, mesmo se o animal não estiver eliminando o agente no momento do exame. O PCR é outra técnica utilizada. É feito através de uma análise biomolecular que permite detecção e replicação de fragmentos do material genético do agente. Este procedimento é considerado preciso por ser de alta especificidade.

A presença ocasional de trofozoítos, a eliminação intermitente de cistos e a observação não especializada, ou seja, a ausência do patologista clínico veterinário, podem prejudicar um diagnóstico confiável e levar a falso-negativos. Conseguinte a isto, o diagnóstico clássico (isto é, exame microscópico das fezes) tem algumas restrições. O uso de testes microscópicos convencionais pode ser apoiado por ensaios comerciais e pode permitir melhor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico, em casos em que não houver possibilidade de envio da amostra para análise por mão de obra especializada.

Os últimos estudos relacionados aos testes comerciais imunocromatográfico rápidos, têm comparado de técnicas de diagnóstico para detecção de Giardia duodenalis em cães e gatos e os resultados indicaram que as amostras fecais testadas para G. duodenalis podem ter resultados discordantes quando submetidas a mais de um teste diagnóstico. Por exemplo, amostras positivas em exame microscópico podem resultar em resultados negativos em outros ensaios, incluindo IFA; alternativamente, as amostras negativas para IFA podem ser positivas em todos os outros métodos de diagnóstico. Esses resultados confirmam os desafios que existem na seleção do teste mais confiável e preciso para a infecção por G duodenalis, bem como a falta de um verdadeiro padrão ouro para o diagnóstico de giardíase em cães e gatos. Os estudos também confirmaram que todos os testes têm prós e contras sendo que alguns são fáceis de aplicar e estão disponíveis para testes internos, enquanto outros são altamente sensíveis, mas requerem equipamento e treinamento especializados.

Existem vários procedimentos altamente sensíveis e específicos para a detecção de G duodenalis em cães e gatos, e a melhor abordagem pode ser combinar métodos microscópicos com imunoensaios para aumentar simultaneamente a sensibilidade dos procedimentos e identificar outros parasitas internos.


REFERÊNCIAS

DAGNONE, A. S. et al. Doenças Infecciosas na Rotina de Cães e Gatos no Brasil – Curitiba/Medvep, p. 220-222, 2018.

Saleh MN, Heptinstall JR, Johnson EM, et al. Comparison of diagnostic techniques for detecting Giardia duodenalis in dogs and cats. J Vet Intern Med . 2019; 33 (3): 1272-1277.

SILVA, S. M. M. D. Prevalência de Giardia sp. e Cryptosporidium spp. em populações de cães de diferentes regiões do município de Porto Alegre, RS, Brasil. 2010. 139 p. Dissertação (Ciências Veterinárias) -Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grade do Sul, 2010.

SOGAYAR, M.I.T.L.; GUIMARÃES, S. Giardia lamblia. In: NEVES, D.P. Parasitologia humana. 10.ed. São Paulo: Atheneu, 2000. Cap.14, p.107-113.

SOUZA, M. C. et al. Adherence of Giardia lamblia Trophozoites to Int-40 human intestinal cells. Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, Coimbra, v. 8, p. 258-265, 2000.

WOLFE, M. S. Giardiasis. Clinical Veterinary Microbiology, p. 93-100, 1992.

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